O deputado estadual Gilsinho Lopes (PR) segue na batalha pelo mínimo necessário de assinaturas para protocolizar o requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Pó Preto, mas a ingerência palaciana coloca em risco a empreitada.
O líder do governo, Gildevan Fernandes (PV), já teria entrado em campo para esvaziar a adesão dos parlamentares, antes que o documento chegue ao protocolo da Assembleia Legislativa.
Para os meios políticos, o discurso adotado pelo governador Paulo Hartung (PMDB), embalado por uma pressão popular em relação aos níveis de poluição atmosférica na Grande Vitória, não tem o objetivo de apurar e punir energicamente as empresas poluidoras instaladas na Grande Vitória. Neste sentido, a abertura da CPI traria problemas para o governo. Isto porque, colocaria luz na questão do pó preto de forma mais profunda. Uma investigação sobre os efeitos ambientais e na saúde do capixaba traria à tona as movimentações políticas que por tantos anos fazem vista grossa aos malefícios das poluidoras Vale e ArcelorMittal para o Estado.
Para abrir a CPI, o deputado precisa de dez assinaturas, mas empacou nas oito. A ideia seria aproveitar o momento em que a questão ganhou espaço com a pressão popular, para buscar emplacar a Comissão. Gilsinho tentou por duas vezes na legislatura passada, em 2013 e em 2014, mas não conseguiu fazer com que dez deputados aderissem à movimentação.
No ano passado, o deputado chegou a conseguir o mínimo necessário de adesões, mas alguns parlamentares após assédio palaciano retiraram a assinatura , o que levou Gilsinho a propor uma alteração no regimento da Casa, para proibir a retirada de assinatura após a protocolização do requerimento. Gildevan Fernandes, então presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa, teve papel fundamental na articulação que impediu a criação da CPI, após lobby das empresas na Assembleia Legislativa.
Outro fator que dificulta a viabilização da CPI é o fato de o deputado proponente ter um perfil independente do governo do Estado. Se a comissão fosse comandada por um aliado, o governador Paulo Hartung teria mais facilidade em controlar até onde as apurações poderiam ir, mas Gilsinho Lopes quer investigar com profundidade a questão, o que coloca em risco a harmonia do governo e de parte da classe política com as poluidoras, que são patrocinadoras de campanha e tem benefícios do Estado.
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