USO INDEVIDO/LEI MARIA DA PENHA, Lei 11.343

quinta-feira, 12 de março de 2015

MULHERES - FUNDADORAS E PIONEIRAS DOS CULTOS AFRO-DESCENDENTES NO BRASIL.

À frente do histórico terreiro do Gantois, considerado patrimônio nacional, a ialorixá Mãe Carmen (foto)diz que “o candomblé é como uma grande família, um grande útero”. O uso da metáfora pode ser atribuído ao domínio feminino na liderança das religiões de matriz africana e pela relação mais próxima que estas desenvolvem com a natureza, seus elementos e ciclos.



Denis Luna
O que me motivou a pesquisar,estudar e buscar a fundo a história do nascimento do Candomblé no Brasil e a escrever este artigo, foi o depoimento da majestosa Mãe Carmem e um debate construtivo que tive,com meu grandioso e valoroso amigo Eduardo Fagundes referente ao tema  "Mulher não toca atabaque"
A nossa religião, na África é comandada por homens, no Brasil se deu o inverso, porque aqui as mulheres foram as primeiras a conseguir as alforrias. Quando elas conseguiam as alforrias, elas já se tornavam comerciantes, elas vendiam jóias, vendiam mugunzá, elas vendiam acarajé, as chamadas negras vendeiras, que na Bahia, botaram o nome de mulheres do partido alto (...) então, com essas vendas, elas começaram a comprar os seus pares e também a comprar seus companheiros tanto maritalmente como companheiros da escravidão (...). A partir daí, elas conseguiam a alforria e a independência econômica primeiro do que os homens (...) talvez tenha sido Iemanjá que deu essa força pra elas e Oxum, as Iabás certo, porque eu acredito que, como vieram pelo oceano, Iemanjá que deixou elas chegarem aqui, então eu acho que Iemanjá olhou assim e disse “Na África quem comanda são os homens, mas quem vai comandar no Brasil somos nós as mães, as mulheres”. Aí houve essa troca, as mulheres vão e formam os primeiros candomblés, porque a maioria era tudo sacerdotisa ou iniciada na religião dos antepassados dos orixás divinizados - e com a escravidão eles tinham que fazer mil peripécias,
às vezes até faziam um samba, os senhores de engenho pensavam que era um samba, mas na verdade eles estavam louvando os orixás - aí essas velhas, que ficaram três famosas na Bahia foram Iyanassô, Adetá e Iyakalá. Adetá faleceu, Iyakalá voltou para a África e Iyanassô permaneceu no Engenho da Casa Branca, no Engenho Velho, em Salvador. Dessa casa matriz, aí vocês já sabem a história né, surgiram as principais casas de Salvador, que regem soberanas: o Gantois, o Afonjá e a Casa Branca

O que impressiona é como, na mitologia que dá base ao candomblé e à umbanda, a mulher está, em muitos casos, acima do homem, em posição principal em grau de importância. Essa posição ajuda a explicar mais sobre a respeitável posição feminina presente na religiosidade hoje. Sobre as mães ancestrais, importantes entidades das religiões afrobrasileiras, que são muito temidas, diz-se: O seu marido desempenha rápido papel fecundante, qual zangão, e depois ela o mata. “Ela é o poder em si, tem tudo dentro do seu ser. Ela pode tudo. Ela é um ser auto-suficiente, ela não precisa de ninguém, é um ser redondo, primordial, esférico, contendo todas as oposições dentro de si. Awon Iyá wa são andróginas, elas têm em si o Bem e o Mal, dentro delas elas têm a Magia e o encantamento, elas têm absolutamente tudo, elas são perfeitas”

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