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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Morre no Rio de Janeiro O Babalorisá Kayambe D´Ogun, um Ícone no Candomblé do Brasil

faleceu na ultima quarta feira, 21 de Outubro de 2015 no Rio de Janeiro, O Babalorisá, Kayambe D´Ogun. O candomblé do Brasil esta em luto, pois o mesmo era um ícone da religião no Brasil. Conhecido por ser um Homem serio e muito fechado, Kayambe era muito sábio, tinha um grande domínio e conhecimento dos cultos Afro Brasileiro ( Candomblé). Apesar do seu jeito sério e fechado,também, era portador de um lindo e bom coração,Estava sempre disposto a ajudar, aconselhar e até mesmo abrigar aos que precisavam, um grande Amigo, Pai, Avô, e um excelente Babalorisá.
Ainda em vida, eu Denis Luna, Também conhecido no candomblé como, Dofono D´Ogun Merim, irmão de Egbome Kayanbe, tive a honra de entrevista-lo. e em Homenagem a esse grande Homem, o qual tenho respeito e amor, resolvi publicar aqui no meu blog, as sabias palavras do nosso eterno Pai,Irmão Amigo  Egbome, KAYAMBE D´OGUN.

Kayambe D’Ogun iniciou-se no Candomblé em 17/09/1967, pelas mãos do Tateto D’Nkissy Kanduandemo, no Ile Oba Orun, Asè Goméia, Nação Angola, em São Gonçalo – Rio de Janeiro. Em 1974, com o fechamento da casa, prosseguiu nos caminhos da religião pelas mãos do Babalorisà Veldemiro “Baiano” de Sangò. Tomou obrigações de 3 e 7 anos com o Babalorisá Gamo D’Osun, Asè Jardim Leal, nação Efon, em Duque de Caxias – RJ. Já com sua casa aberta o Ile Asè d’Ogun Jà, situado à Rua Exp. Francisco de Paula Moura Neto, lt 7 casa 20 tribobó – São Gonçalo – RJ, concluiu suas obrigações de 14 e 21 anos com Pai Baiano. 

OGUM
Ogun é tudo na minha vida. É meu ar, meu anjo da guarda, meu Senhor, meu dono. Nele, eu tenho convicção, e não fé, pois fé é esperança, convicção é certeza. É um Orisá de guerra, um Orisá que luta e guerreia pelo instinto de conquistar outras terras. Dizem que ele é perigoso, desde que se sinta ameaçado. Luta pelos seus direitos e pelos direitos de seus filhos. Meu Orisá,  por exemplo, diz que se vc for roubado ele castigará seu malfeitor e a vc, que se deixou roubar. Ogun é a inquietude por excelência, para ele não há estagnação. Foi o responsável por forjar as ferramentas de todos os orisás. Do falo de Esu ao opaxoro de Osalá. Foi o primeiro alábédé – ferreiro -  e também o primeiro ourives. Tudo que há de metal no mundo, nos ensina a cultura yorubá, foi feito por Ogun. Por isso, sem Ogun não se faz nada. Não se planta, não se ara a terra, não se semeia, a moeda não circula. Na era moderna, sem Ogun, não haveriam meios de transportes, instrumentos cirúrgicos, informática, pois tudo isso vem dos metais. Por isso, repito, Ogun é tudo.


Há uma lenda, contada pelo Sociólogo Reginaldo Prandi,  que nos ilustra bem isso:

“No tempo que os os Orisás e os homens viviam juntos, todos exerciam suas tarefas: a caça, a limpeza da terra, a agricultura, a plantação, a construção de suas casas para o abrigo de suas famílias. Tudo era feito com muita dificuldade, por falta de ferramentas adequadas para o trabalho e, agora, mais, pois as distâncias aumentavam, a cidade crescia para o lado das montanhas, com seus terrenos desnivelados por gigantescas rochas com caminhos inacessíveis. Olhando o que tinha feito e o que estava por fazer, os Òrisà discutiam a melhor solução para o problema. Diziam: "Deixe umde nós começar a grande tarefa, derrubando as árvores e limpando a terra. Depois poderemos plantar em nossos campos. Um por um, os Òrisà tentaram, mas não conseguiam fazer o que pretendiam: "Em que espécie de lugar estamos vivendo? Como poderemos sobreviver aqui?" Até aquele momento, o único Òrisà a se manter calado era Ògún, que observava todo o movimento sem nada dizer. Somente quando todos já haviam tentado, ele se levantou de onde estava e disse: "Nísisiyí àsíkò mi ni." ["Agora é a minha vez."]. Dizendo isto, partiu para o campo. Executou o corte das árvores necessárias para a abertura dos caminhos; com potentes golpes destruiu as rochas, enquanto outras foram deslocadas para manter a terra livre das pedras. Toda a terra foi arada, amaciada e semeada. Deu novos caminhos, enquanto ia eliminando plantas desnecessárias. Ògún trabalhou até o final da tarde ininterruptamente. Quando terminou a sua obra, retornou para junto dos demais Orixá, que já o aguardavam. Lá chegando, exibiu suas armas e ferramentas utilizadas. Estavam afiadas e intactas. Diante do que viam, perguntaram: "Que metal esplêndido é este?" Ògún respondeu: "O segredo desse metal me foi dado por Olódúmarè. É chamado de irín, o ferro." Os Òrisà olhavam as ferramentas de Ògún com muita admiração, dizendo: "Se tivéssemos o conhecimento do ferro, nada para nós seria difícil." Ògún observou o interesse de todos, mas relutou em ensinar o seu segredo. "Olódúmarè não me autorizou", disse. Mas não se negou a fazer as armas e ferramentas a quem lhe pedisse. Para isso, construiu uma forja em sua casa e passou a fabricar os diversos tipos de armas e instrumentos de trabalho, pois Ogun, além de guerreiro, era um grande caçador.”

O CANDOMBLÉ
Candomblé é um grupo de pessoas.  Surgiu como uma religião de tribos, grupos de negros e pobres, onde só sobreviviam os mais fortes, que buscavam alimentar os mais fracos. Chegou ao Brasil, onde, do encontro dessas diversas tribos e culturas, de distintas regiões das atuais Nigéria e Angola, basicamente, se transformou no que é hoje.
O Candomblé tem sua importância no Brasil, pela cultura. Afora as perseguições, hoje temos mais pessoas dentro da religião com nível de escolaridade elevado. Temos antropólogos, sociólogos, advogados, enfermeiros, etc. Isso faz com que a religião seja bem mais respeitada e encontre seus próprios meios de sobrevivência. Embora nas boas casas de Candomblé, o que conte não sej a origem social nem o nível de escolaridade e sim a antiguidade de cada um dentro do Asè. Quando me iniciei, a religião era bem mais perseguida, tratada como seita. Entretanto, em vários momentos de nossa história, fomos sempre procurados por pessoas de classes sociais mais elevadas que as nossas, que buscavam e buscam o consolo e coragem para suas lutas diárias e uma palavra de conforto que lhes amenize os sofrimentos.

Homenageio aqui, algumas figuras importantes do Candomblé do Rio de Janeiro, com quem tive a honra de conviver: Francisco de Yemojá, Diniz D’Oxun, Ya Nitinha de Oxum, meu padrinho Valter de Yansã, já falecidos; Isa d’Osalá, todos do Asé Parque Fluminense, dirigido por meu Pai Valdemiro Baiano de Sangò; Mãe Teodora de Yemoja, Mãe Nair D’Osalá,  Paulo da Pavuna , do Asé Oxumare; Djalma de Lalu, Jorge de Yemojá, de Gêge; Meu avô Joãozinho da Goméia;, Mãe Tereza Matukevi, Kamuriloji, Milton Kisange, meu Pai Kanduandemo, e tantos outros. Entre meus contemporâneos, para não cometer injustiças, homenageio meu irmão de todas as horas Icaro D’Oxossi.

Deixo aqui o meu Adeus ao meu Amigo, Irmão e Egbome, Impossível evitar a emoção e as lagrimas. Seguirei os seus conselhos "seja sempre um yaô meu filho".
Descanse em paz Pai Kayambe.












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